quinta-feira, 31 de julho de 2014

Versos pra ti

Meu hábito é a libido crônica por ti
Meu álibi é o súbito perante o íngreme em si
Careço de sotaque saxônico
Pereço em destaque sinfônico
Em meio à afabilidade eu imerso
Troco passos contra o tempo espesso
Enquanto o inverso me faz refletir
Alinho novos versos pra ti.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Se joga no vazio.

Se joga no vazio e segue a correnteza da incerteza, cai na teia, faz o que der na telha, faz o que der na veia, faz o que tiver de fazer.
Se joga no vazio, no vácuo, no nada, e nada, mas não morre na praia, segue a raia, segue o rumo, segue o prumo.
Se joga no vazio e foda-se consequência, coerência, negligencia, inteligência, as vezes vale mais um pouco de demência.
Se joga no vazio e a partir de então o vazio se preenche de você e você se preenche de vazio, seja quente ou seja frio.
Se joga no vazio, no vaso, no ralo, no carro, no amarro, se joga onde for, no chão, na mão, no tapete, no foguete.
Se jogar no vazio é nada mais que nada, é nada mais que tudo, é nada mais que o mundo, é nada mais que o quarto, é nada mais que o homem, é nada mais que ser, é nada mais que ter.
Se jogar no vazio é se debruçar sob um violão, é entrar num avião, é deslizar no palco sob as pontas dos pés, é subir a bombordo ou ao convés, é derreter-se em outro beiço, é perder o eixo.

Se jogar no vazio é exatamente aquilo que você quiser que seja, seja lá o que for, seja lá o que quer que seja, seja lá quem for, seja lá quem quer que seja você, se joga no vazio! 

sexta-feira, 28 de março de 2014

Um par...

Depois da pena a tristeza... Pela ultima vez a tristeza, porém desta vez a tristeza não é pela falta de quem você foi, mas pela ausência de quem você sempre deixou de ser. Você esgotou suas piadas e suas promessas não me encheram a barriga e logo deixou de encher-me os olhos. Esse final de semana eu via um filme de guerra... Pensei que você teria gostado desse filme, pensei em todos os filmes que não vimos juntos, pensei nas tardes que não saímos pra pescar ou jogar bola, pensei em como sempre me corto fazendo a barba por não ter aprendido como se faz isso se não pela TV, pensei em como você não me convenceu a gostar do seu time de merda que não lembro a ultima vez que ganhou um título (E fica se vangloriando de um hexa de quando eu nem era nascido). Pensei e não lembro a ultima vez que ouvi um “eu te amo”. Pensei em todos os pães me arrancados da boca, em todo vermelho me arrancado do cinto, em toda ingenuidade arrancada da minha infância. Pensei e acho que não precisava disso, sinto pena de mim, sinto pena dos outros cinco que herdaram suas dívidas (não financeiras, mas afetivas), sinto pena de ti que não recolheu as glórias que poderíamos ter te dado... Os papéis foram invertidos, você era uma grande criança, uma grande e idiota criança e pode ter certeza que essa é a melhor forma que tenho pra expressar algum sentimento sobre você. Você me ensinou, porém, uma grande lição: Eu não quero ser como você!


“Diz ao menos o que foi e se eu faltei em te explicar, diz que a gente sempre foi um par.”

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Silêncio...

Silêncio mais fundo que o silêncio da noite, silêncio que fere a faca, a ferro, a foice, ferida profunda, silêncio que afunda por nervos adentro, adentro corpo, adentra a alma, silêncio oposto da calma, silêncio que dura eternidades, que viaja cidades, silêncio que invade, que traz febre, que traz cura, provoca a fúria e mexe por dentro, por fora, silêncio que aflora algo nunca vivido outrora.

Silêncio agressivo, em mão punhal de ladrão, foice em mão do ceifador, agressividade antônimo de dor, chama submetida, silêncio dos que consentem, dos que sentem, silêncio e isso basta, silêncio que transborda, que invade com sua horda de algo mais que só silêncio, silêncio dos inocentes, dos acidentes, incidentes, silêncio que esbanja os dentes e ocupa os carentes, silêncio dos solitários, solidários que tem pra dar seu silêncio repleto de afeto, silêncio, chuva, trovão, silêncio, latido e algo cai ao chão, mas permanece o silêncio que muito mais fala que a boca que cala.

Silêncio castanho de teus olhos, silêncio estranho que nem dez molhos de chaves interrompe, nem rompe, nem esconde, silêncio que expõe, que diz, compõe, silêncio, silêncio das estrelas pintadas em manto negro manchado, azulado, silêncio da lua refletindo melodia em forma de luz, silêncio que traduz toda forma de falar aquilo que não se sabe dizer, que não se sabe fazer, que não se sabe, silêncio que dura, perdura, pendura a ponta da boca erguida a bochecha, silêncio e esqueça, pois agora é só silêncio, só sinta, não minta, nem fale, silêncio, não diga nem a verdade, apenas silencie e associe o sentido do silêncio, o sentido e o sentimento.

Silêncio, não é sala de cirurgia nem tampouco de reunião, mas silêncio, não é homenagem aos mortos nem por medo ladrão, mas silêncio, não é a moral do chefe nem respeito ao mestre, mas ainda assim silêncio por outras razões sem razões aparentes, silêncio frequente, silêncio não mente, quem cala consente, consente com o silêncio alheio e se o silêncio não veio o prazer o quebrou e depois do prazer o silêncio voltou. Silêncio...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

VII

Há sete meses sete pecados capitais me atormentam sente anjos me saudaram, sete trombetas ressoaram.
Há sete meses sete heróis salvaram às sete maravilhas do mundo de sete pragas.
Há sete meses sete homens fizeram sucumbir setenta.
Há sete meses sete algozes, sete demônios, sete mortes.
Há sete meses sete paladinos, sete deuses, sete vidas.
Há sete meses as sete cores do arco-íris ganharam sete brilhos.
Há sete meses sete bilhões não fizeram diferença.
Há sete meses renasci sete vezes.
Há sete meses. Há um destino.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Imortal, imortal.

Tenho orgulho da minha terra
Que não só terra, aqui tem água
Que na pobreza a mesa é farta
Que não só seca, aqui tem mata

Um orgulho dos coqueiros olindenses
Dos sertões com seus repentes
Do oxente do matuto
Do solo de Pernambuco

Tenho um orgulho danado dos artistas conterrâneos
Do poeta contemporâneo
Lenine e seu violão
Chico Sciense e sua nação

Tenho orgulho da rima
Orgulho da viola
Do sorriso em alto-estima
Do tareco e mariola

O calor do sol
Bronzeando o litoral
Um copo de skol
E todos em alto-astral

Um orgulho do carnaval
Das pontes, da história
De tua obra artesanal
Do teu passado de glória

De ser Leão-do-Norte
Da terra de Virgulino
De reconhecer teu porte
E saber de cor teu hino.

(BARBOSA, Victor)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A Rosa de Garanhuns

Da cidade das flores
Brotou a rosa mais bela
A mais clara das cores
Pintas de cravo e canela

Do interior de Pernambuco
Veio fazendo vuco-vuco
Até chegar à ‘capitá’

Desfilou com sua beleza
Digna de realeza
Até me fez apaixonar

Da cidade mais fria
Nasceu a rosa mais quente
Sua pele fervia
Sua alegria é freqüente

Veio lá de Garanhuns
Onde flores comuns
Passaram a te invejar

Esvoaçando com o vento
Num inverno violento

Veio aqui pra eu te cheirar